Maria Teresa Horta, incontornável escritora de língua portuguesa, faleceu em Lisboa, na última terça-feira, dia 4, aos 87 anos de idade.
Maria Teresa militou pelos direitos humanos, com ênfase nas mulheres, tema e motivo da sua escrita- corpo. Publicou, em parceria com duas outras escritoras portuguesas, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, as Novas cartas portuguesas, na esteira do texto de Soror Mariana Alcoforado, Cartas Portuguesas ( 1669).
As três Marias, como ficaram conhecidas, sofreram sanções do regime ditatorial português que alegou a impropriedade do texto, proibindo-o.
A insubordinação e a irreverência é marca registrada da autora que visita a tradição para subvertê-la. Cultivou vários gêneros, ignorando seus limites e imbricando-os, certa de que "não há nada que a nossa voz não abra...".
Assumindo-se bruxa das palavras em voo nas asas dos "Anjos" que poetizou, nas vassouras das feiticeiras ou no deslizar dos corpos orquestrados pelo prazer, Maria Teresa construiu uma poética multifacetada, em que o exercício da liberdade plena privilegia o erótico, o gozo, a fruição, como um recado às amadas e amantes, sugar o corpo, país da evasão."
Uma autodefinição: "Vinda de onde sou eu torno sempre .... Desobedeço e invento Insubordino o que faço".
Obras Publicadas: Espelho inicial, Minha senhora de mim, Cronista não ė recado, Ambas as mãos sobre o corpo, Mulheres de abril, Os anjos, Ema, Rosa sangrenta, Inquietude, Poemas do Brasil, As luzes de Leonor, A dama e o unicórnio, Meninas, A paixão segundo Constança H, As palavras do corpo, Palavras secretas, Azul cobalto, Paixão, e muitos outros.