Micheliny Verunschk vence Prêmio Oceanos 2024

Escritora pernambucana leva a honraria na categoria prosa com o livro "Caminhando com os mortos". Prêmio foi anunciado na noite desta quinta-feira (5)

Escritora pernambucana Micheliny Verunschk vence prêmio com 2º título da Tetralogia do mato, iniciada com
Escritora pernambucana Micheliny Verunschk vence prêmio com 2º título da Tetralogia do mato, iniciada com "O som do rugido da onça"

Na noite da última quinta-feira (5) foram anunciados os vencedores do Prêmio  Oceanos de Literatura em Língua Portuguesa 2024. Entre os dois vencedores, destaque para a pernambucana Micheliny Verunschk, que levou a honraria na categoria prosa com o livro Caminhando com os mortos (Companhia das Letras). De Portugal saiu o outro vencedor, um dos poetas portugueses com maior reconhecimento internacional, Nuno Júdice, com o livro de poesia Uma colheita de silêncios (Dom Quixote). O poeta e ensaísta faleceu em março deste ano, após a inscrição e distribuição da obra entre os jurados do prêmio. Daí o motivo de ter permanecido na concorrência.

Caminhando com os mortos é o segundo livro do projeto que a autora denomina Tetralogia do mato – o primeiro é O som do rugido da onça, que ficou em terceiro lugar do Prêmio Oceanos em 2022. O romance trata das consequências do fundamentalismo religioso, que envolvem preconceito, violência e misoginia, ao mesmo tempo em que vê no “mato” uma fresta de esperança. Já Uma colheita de silêncios, último livro de Nuno Júdice, expressa a melancolia frente à passagem do tempo e a ternura em relação àquilo que é indelével: a memória.

Recentemente foi lançado o primeiro livro de poemas da autora, Geografia íntima do deserto - e outras paisagens reunidas (Círculo de Poemas). Na edição de agosto de 2023, a Revista Continente divulgou entrevista com a autora. Confira clicando aqui.

O anúncio foi feito no Itaú Cultural, em São Paulo, em cerimônia conduzida por Selma Caetano, coordenadora do prêmio e diretora da Oceanos Cultura, e pelo curador no Brasil, Manuel da Costa Pinto, com a presença do superintendente do Itaú Cultural, Jader Rosa. A curadoria do prêmio é assinada também por Matilde Santos, de Cabo Verde, João Fenhane, de Moçambique, Isabel Lucas, de Portugal.

O Oceanos é realizado via Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), pelo Ministério da Cultura, e conta com o patrocínio do Banco Itaú, da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas da República Portuguesa, o apoio do Itaú Cultural, da Biblioteca Nacional de Moçambique e do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde; e o apoio institucional da CPLP. O Prêmio Oceanos é administrado pela Associação Oceanos.

Sobre os vencedores:

PROSA: Caminhando com os mortos, de Micheliny Verunschk (Companhia das Letras).

Micheliny Verunschk – 1972, Pernambuco. Escritora e historiadora, venceu o Prêmio São Paulo de Literatura com Nossa Teresa: vida e morte de uma santa suicida (Patuá, 2014), foi duas vezes finalista do Prêmio Rio de Literatura, além de finalista do antigo Prêmio Portugal Telecom, hoje Prêmio Oceanos. Com O som do rugido da onça, ganhou o Prêmio Jabuti de romance literário, em 1922.

POESIA: Uma colheita de silêncios, de Nuno Júdice (Dom Quixote).

Nuno Júdice – 1949 (Mexilhoeira Grande) – 2024 (Lisboa). Ensaísta, poeta, ficcionista e professor universitário português. Licenciou-se em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa e obteve o grau de Doutor pela Universidade Nova. Tem dezenas de obras publicadas em poesia, ficção, teatro e ensaio, com os quais angariou reconhecimento internacional. Poeta e ficcionista, a sua estreia literária deu-se com A Noção de Poema (1972). Em 1985 recebeu o Prémio Pen Clube e, em 1990, o Prémio D. Dinis da Casa de Mateus, entre outros. Júdice faleceu em 2024, após ter seu livro Uma colheita de silêncios inscrito no Prêmio Oceanos.