
Tomou posse, ontem, como sócio efetivo do P.E.N. Clube do Brasil, o escritor Francisco de Sales Gaudêncio. Além do destaque na docência universitária de História e na gestão pública, ele se notabiliza como autor de diversas biografias, como as que escreveu sobre o empresário Joaquim da Silva, o educador Afonso Pereira e a artista visual Suanê (tema de reportagem na revista Continente).
P.E.N. é um acrônimo de Poets, Essayists and Novelists. No caso, o professor Gaudêncio se insere na categoria de ensaísta, nomeadamente de temas históricos. Mesmo, ou especialmente, as biografias que escreveu têm um forte apoio historiográfico. Na mais recente delas, propõe e desenvolve uma ideia muito própria do fazer biográfico. Toma a palavra biografia de forma literal, e sinaliza que há uma vida vivida e uma vida escrita. Concepção de esteio literário. Como disse o poeta Fernando Pessoa:
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.
O P.E.N. Club ou Internacional Pen foi fundado em 5 de outubro de 1921. A iniciativa partiu de uma escritora inglesa hoje bastante esquecida: Catherine Amy Dawson Scott, nascida há exatos 160 anos. O P.E.N. brasileiro foi fundado na década de 1930.
Pensar a literatura como algo mundial, e não singelamente nacional ou regional, foi algo marcante em Goethe. Não significa que o P.E.N. seja uma materialização disso, mas um exemplo da ‘comunidade dos escritores’ em âmbito global, de expressão social.
Ao longo da sua história, o Brasil, que somou ao autóctone os contributos ibéricos e africanos da era colonial, sempre se dispôs às assimilações europeias (e depois, muito mais, às estadunidenses). Dentre aquelas, tem preferido as influências ou até imitações francesas, inglesas e germânicas. Se a Academia Brasileira de Letras nasce por inspiração francesa, o P.E.N é, com escusas do exagero, um transbordamento britânico, como o futebol.
Ao ingressar no P.E.N, o professor Gaudêncio passa a integrar uma organização que tem presença em mais de cem países. Com o principal propósito de, por meio da literatura, defender a liberdade de expressão.