“Eu tinha muita sintonia com a obra dele por causa das nossas conexões literárias em comum. Ele tem um certo jeito de dizer poesia semelhante ao [poeta-diplomata chileno] Pablo Neruda”, avalia o paraibano de Campina Grande, que ainda traça algumas influências de outros autores na obra de Auster.
O poeta argentino Jorge Luis Borges, que deu entrevista, em seu apartamento em Buenos Aires, ao jornalista brasileiro, foi referência para o autor norte-americano. Assim como o conterrâneo Edgar Allan Poe – “talvez a maior influência de Auster”, considera Nêumanne. E também o tcheco Franz Kafka, cuja obra A Metamorfose é, para o paraibano, “um livro fundamental da literatura ocidental”. O jornalista também menciona o poeta francês Stéphane Mallarmé, autor do famoso verso “un coup des dés jamais abolira l'hasard” ("Um lance de dados jamais abolirá o acaso").
In memory of myself (Paul Auster)
Simply to have stopped.
As if I could begin
where my voice has stopped, myself
the sound of a word
I cannot speak.
So much silence
to be brought to life
in this pensive flesh, the beating
drum of words
within, so many words
lost in the wide world
within me, and thereby to have known
that in spite of myself
I am here.
As if this were the world.
Em memória de mim mesmo (tradução de José Nêumanne Pinto)
Simplesmente ter parado.
Como se eu tivesse começado
onde minha voz parou, eu mesmo
o som de uma palavra.
Não posso falar.
Tanto silêncio
a ser trazido à vida
nesta triste carne, o pulsante
tambor de palavras
de dentro, tantas palavras
perdidas no vasto mundo
de dentro de mim, e assim ter sabido
que a despeito de mim mesmo
eu estou aqui.
Como se este fosse o mundo.