Fundador do Pasquim, Jaguar morre aos 93 anos

Cartunista, que era considerado um dos mais talentosos do Brasil, fez parte de uma geração que tinha nomes como Millôr Fernandes, Ziraldo e Henfil

Carioca, Jaguar ajudou a fundar o Pasquim e marcou época, com seu humor ácido, suas piadas mordazes e seus desenhos irreverentes
Carioca, Jaguar ajudou a fundar o Pasquim e marcou época, com seu humor ácido, suas piadas mordazes e seus desenhos irreverentes

O cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o Jaguar, um dos fundadores do jornal O Pasquim, e uma das figuras mais mordazes do humor nacional, morreu,aos 93 anos, neste domingo (24), no Rio de Janeiro. Ele estava internado no Hospital Copa D´Or. Ainda não há informações sobre o sepultamento. 

Em nota, a assessoria de imprensa do hospital informou que o artista estava internado em razão de uma infecção respiratória, que evoluiu com complicações renais. "Nos últimos dias, estava sob cuidados paliativos. O hospital se solidariza com a família, amigos e fãs por essa irreparável perda para a cultura brasileira", diz o documento.

Jaguar nasceu em 1932, ano bissexto, no Rio de Janeiro. Ele  começou a carreira, no ano de 1952, quando trabalhava no Banco do Brasil. Na ocasião, ele conseguiu publicar um desenho na coluna de humor Penúltima Hora no jornal Última Hora (RJ). Depois passou a publicar charges na página de humor da revista Manchete (RJ). O pseudônimo, com o qual ficou famoso, foi uma sugestão de Borjalo. 

Mas um dos principais méritos de Jaguar foi ser um dos criadores do jornal satírico “O Pasquim”, em 1969, com conteúdo ácido e crítico à ditadura militar vigente no Brasil.

Durante a ditadura, lançou um de seus personagens mais conhecidos, o ratinho Sig, que foi mascote do jornal . O artista foi preso uma vez e enfrentou processos no período.

O traço marcante, o humor refinado e a força de suas críticas fizeram com que recebesse convite para atuar em outros veículos, como as revistas Senhor, Civilização Brasileira e Revista da Semana, além de jornais como Tribuna da Imprensa e Última Hora. Ele trabalhou com nomes como Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil e outros mestres das artes gráficas, todos ja mortos. Jaguar foi o último dessa geração que engrandeceu o humor nacional.

,Jaguar ainda lançou livros como Átila, você é Bárbaro e Ipanema, se não me falha a memória.

 Sua morte causou comoção no mundo artístico e entre os colegas cartunistas. "Millôr Fernandes era grande, Ziraldo era grande, mas só ele era o Jaguar". Inigualável, inestimável, inimitável Jaguar' , declarou o cartunista Chico Caruso

Comoção

O cartunista Miguel Paiva também falou de sua admiração por Jaguar e seu estilo: "Eu queria desenhar como ele, mas nunca consegui"

Em 2014, durante a 12ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), na mesa "Millormaníacos", Jaguar provocou gargalhadas na plateia ao recordar seu convívio com o homenageado Millôr Fernandes, citando episódios que envolvia uma cusparada que certa vez o amigo tomou de Chico Buarque, seu então desafeto, num bar.

"O Millôr jogou tudo que tinha na mesa em cima do Chico, errou e acertou no garçom", contou, entre risos na época.