Este ano, o escritor Osman Lins (1924-1978), nascido em Vitória de Santo Antão, Pernambuco, faria 100 anos. É um bom momento de se refletir acerca da potência de sua escrita, bem como o de ressaltar a coerência, o empenho, a obstinação e a paixão aliados a um temperamento de retidão com que construiu sua carreira literária. Mas também de avaliar acerca de o seu nome não constar na lista dos autores mais conhecidos dentre o público-leitor, na medida em que recebeu vários prêmios, foi publicado em vários países e, reconhecidamente, sua prosa inovou a literatura do século XX.
De temperamento convicto, Lins entendia a educação de um povo e seu processo de civilidade estreitamente ligados ao mundo da literatura e foi enfático ao expressar publicamente suas ideias, apontando problemas. Nessa visada, lutou pela necessidade de maior rigor na elaboração dos livros didáticos de literatura, bem como do ensino dessa matéria nos cursos superiores. Seu intento era o de exigir respeito aos alunos, aos leitores, aos professores. Em sua manifestação, denunciou marasmos intelectuais, quebrou ídolos de barro, apontou questões ligadas ao mundo editorial e universitário. Disse, não com veemência. O preço da liberdade costuma ser alto.
Para fazer esse percurso, há que se delinear o seu perfil biográfico e, mesmo sem a pretensão de aprofundamento, é necessário recorrer aos seus escritos e fazer ponte entre vida e obra, na medida em que estão intimamente conectadas – o que não significa espelhar as suas experiências pessoais sobre o seu fazer literário, mas, sim, cartografar o núcleo de onde brotam a sua ética e a sua estética artística.
O evento que marca sua chegada ao mundo foi a perda da mãe, Maria da Paz de Mello Lins, aos 16 dias, além disso, agravado pelo fato de nunca ter tido acesso à imagem dessa mulher, que lhe deu a vida e logo desapareceu, deixando-lhe um vazio existencial profundo. Essa ausência fez com que buscasse pelo seu rosto em fotografias entre os conhecidos e familiares, sem nunca ter tido sucesso – o que se transformou em elemento de ânsia literária, em busca por uma nova expressão, que não deveria se repetir: um objeto artístico é irrepetível. A mesma peregrinação em busca de algo é uma marca de Abel, seu personagem de Avalovara.
Frente a essa sua entrada na existência, ele viveu sob os cuidados de seu pai, o alfaiate Teófanes da Costa Lins, de Joana Carolina, sua avó; Laura, sua tia, bem como de seu marido, Antônio Figueiredo. Mais tarde esteve próximo da nova família que seu genitor constituiu com Eulália, com quem teve quatro filhos: Lourdes, Umberto, Homero e Luciene.
Da relação com Teófanes, na Alfaiataria Lins, o menino guardou a lembrança das réguas, das fitas métricas, da tesoura, da mesa grande na qual Teófanes esticava o tecido e desenhava com nobreza e olhar minucioso os moldes para a confecção de roupas sob medida. O traçado daquela geometria provocava a lembrança dos desenhos dos livros escolares, que se assemelhavam às linhas dos meridianos e das constelações e um interesse por formas ficou marcado no mais profundo de seu íntimo.
Também lembra que ele era um profissional que primava por não ceder às padronizações, pois cada cliente recebia o seu traje confeccionado com exclusividade. Homem de atitudes sóbrias, manteve-se coerente frente aos modismos que apareciam por vezes inspirados em artistas do cinema. Toda essa vivência, Osman Lins registrou em “Um dia que se despede do Calendário”, texto em homenagem ao Dia do Alfaiate, em que expressa ver relação entre essa profissão e a sua de escritor.
O que é Avalovara (1973), sua obra-prima, senão uma grande alfaiataria literária, sofisticada e exclusiva? Um artefato de cálculo, de medida, que o escritor Osman Lins estruturou para tratar de questões humanas, em linguagem barroca, ornamental. Livro pleno em diálogos com obras e autores clássicos da literatura e da filosofia, como: A divina comédia, de Dante Alighieri; Moby Dick, de Melville, François Rabelais, Jean-Paul Sartre, entre outros, sem contar as menções às obras picturais e musicais. Ainda há as referências a vários eventos científicos, políticos e culturais tanto do passado como do momento em que Osman Lins escrevia o romance. Livro que se destaca pela organização de sua história construída em meio a histórias, temas que se desenrolam, se entrelaçam sobre uma espiral e um quadrado, onde sonho e realidade, erotismo e sensualidade, encontro de almas, amor, paixão, são vividos em cidades europeias e brasileiras. História impregnada dos coloridos nordestinos, a se refletir nos elementos textuais, nas intensidades espraiadas por suas páginas. Uma obra que não se esgota, pode-se ler em uma investida, como levar uma vida a explorá-la.
Vale destacar que o valor de uma obra literária, para Osman Lins, estava no processo de sua elaboração. Não foi sem propósito que se ligou às figuras geométricas e as introduziu nas formulações de seus livros pelos estudos que fez dos ensaios de Matila C. Ghyka, mas também do pensamento de Pitágoras e da alquimia. Outra pergunta ocorre: o que é a obra de Osman Lins, senão uma verdadeira alquimia romanesca?
Outro grande livro de Osman Lins é O fiel e a pedra (1961), no qual a memória da tia Laura e do tio Antônio Figueiredo contribuíram para compor os personagens centrais: Tereza e Bernardo Vieira Cedro, ela pela presença constante e veladora, ele, “homem como não houve muitos no mundo”, por ter sido aquele protetor, que consertava seus brinquedos e lhe contava histórias, dado que pela profissão estava sempre viajando e no retorno tinha muito o que contar. Osman Lins se refere ao tio: “foi dele meu primeiro livro, meu iniciador na arte de narrar”, “foi ele, e não a um escritor, que procurei imitar, quando – tateando o meu destino e dando o passo inicial no que viria a ser, mais tarde, o projeto central da minha vida – esbocei as primeiras narrativas”.
A figura de Joana Carolina será central, especificamente, no conto “Retábulo de Santa Joana Carolina”, que compõe uma das variações dos contos em Nove, novena (1966). A avó, cuja vida agreste surge transmutada literariamente a ocupar um lugar vital no cosmo narrativo, evidencia as desigualdades, as injustiças sociais, a vida difícil de uma camada da população – fato que Osman Lins fez questão de frisar, quando em entrevistas tratou dessa narrativa.
Já em Os gestos, de 1957, no conto “A partida”, a figura da avó aparece na cena literária na experiência de um jovem que vive o momento de deixar a casa e os cuidados da matriarca. Conto filmado, em 2003, com roteiro de Sandra Ribeiro, encenado por Paulo Autran, Geninha da Rosa Borges e Marcelo Lacerda, o curta dá vida a silêncios povoados por sentimentos contidos, por mutismos, mas pleno de gestos, que falam alto.
Também o adolescente Osman Lins, com 16 anos, deixou a proteção e a convivência da família para estudar e trabalhar no Recife. Quando lá chegou, levara no mais íntimo de si a convicção de ser um escritor, desde os primeiros anos dos bancos escolares, recebera o incentivo e o apoio do professor José de Aragão Bezerra Cavalcanti. E não se intimidou. De imediato, cuidou de realizar suas primeiras publicações em prosa “Menino mau” e “Fantasmas...” (1941). Ao mesmo tempo em que estava em busca de melhores condições de subsistência, presta concurso para o Banco do Brasil e é admitido na agência da cidade. Estudar constava dos seus planos e ingressa na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Recife, e como o anseio em se aproximar da arte ocupava um espaço inegociável, faz curso de dramaturgia na Escola de Belas Artes.
A vida segue seu ritmo, casa com Maria do Carmo, o casal tem três filhas: Litânia, Letícia e Angela. Às três meninas, dedica o bem-humorado livro infantil, O diabo na noite de Natal (1977), no qual introduz várias personagens dos contos infantis. As Pastorinhas decidem comemorar esse dia especial e convidam: Cinderela, Chapeuzinho, Negrinho do Pastoreio, o Super-Homem entre outros personagens, mas o Diabo, que não fora chamado, decide se vingar...
Em sua juventude, entre os compromissos profissionais e familiares, Osman Lins se dedicou a dirigir e produzir temas culturais para a Rádio Jornal do Commercio; passa a escrever para jornais, suplementos, revistas, atividades essas que manterá ao longo de toda a vida. Muito mais tarde, volta às experiências nos meios de comunicação, com o conto “A ilha no espaço” (1975), que foi adaptado para televisão, abrindo espaço para outras experiências do mesmo gênero com: “Quem era Shirley Temple” (1976) e “Marcha Fúnebre” (1977), reunidos em Casos especiais de Osman Lins (1978).
O seu vínculo com o teatro sempre recebeu grande dose de dedicação, fez parte de sua empreitada literária por toda a vida. Publica: O vale sem sol (1957); Lisbela e o prisioneiro (1961), que foi adaptada para o cinema; Idade dos homens (1963); Guerra do ‘cansa-cavalo’ (1965); Capa verde e o natal (1965); Mistério das figuras de barro (1974); Santa, automóvel e soldado (1975); Romance dos dois soldados de Herodes (1977).
Como funcionário do banco, participou da redação da revista Memorandum, órgão da Associação Atlética Banco do Brasil, provavelmente, com o objetivo de diminuir a aridez da vida profissional. Surgem: “O eco” e “A doação” (1950), publica o livro de contos Os sós (1951). Pouco tempo depois, surge O visitante (1953), seu romance de estreia, cuja história é rica em minúcias na constituição do caráter das personagens. Esse seu trabalho já tem o timbre osmaniano, que se manterá em toda a sua escrita – a produção de certo clima narrativo, que se desvela aos poucos e com “parcimônia”.
Criado em uma cidade do interior, Osman Lins teve acesso a poucos eventos culturais; fora as festas na igreja, que enchiam a cidade de luzes, cores e movimento, havia o futebol no clube, e a tela do cinema acabou por ser a sua grande janela para o mundo. Foram os filmes vindos das várias partes, que o emocionaram e o despertaram para a arte.
Por essas poucas oportunidades, tinha consciência das lacunas em sua formação e para ampliar suas fronteiras culturais empenhou-se até conseguir uma bolsa na Aliança Francesa, em Paris. Seu objetivo era explorar a Europa naquilo que fosse mais benéfico para sua atividade de escritor. Foi percorrer o Velho Continente para mergulhar “nas camadas mais profundas de civilização”. Também em busca das localidades históricas e artísticas, dos castelos, dos museus, daqueles lugares que guardam “as aventuras do mundo”. Das catedrais com os seus vitrais, Osman Lins comentou que ficou profundamente marcado por aquelas vivências. Nesse momento, em 1961, ele tinha cerca de 37 anos e por lá ficou por seis meses. O seu interesse pela Europa, particularmente, a França, é algo absolutamente compreensível, o Recife viveu impregnado da cultura francesa, chegou a ter a sua Belle Époque.
Muito do que viveu nesse período está registrado em Marinheiro de primeira viagem (1963), com suas lembranças transmutadas literariamente em 202 narrativas. Como afirma Lins ao se referir a esse livro: “não iria cometer a impertinente asneira de dizer como é a Torre Eiffel”. Dessa forma, o leitor tem a oportunidade de acompanhar as experiências da viagem do autor e suas relações com elementos da história, das artes, da cultura. Na mesma esteira de Avalovara, pode-se levar uma vida a explorar Marinheiro de primeira viagem. Uma joia do acervo osmaniano.
Pouco tempo depois de retornar da Europa, em janeiro de 1962, Osman Lins juntamente com a família se muda para São Paulo, vem em busca de ambiente mais cosmopolita por ser mais propício a frequentar concertos, espetáculos teatrais, livrarias. Essa proposta fazia parte de seu planejamento de se desenvolver como escritor, entendia que, para trilhar essa carreira, nada deveria ser de improviso, sua formação seria conquistada com “paciência e método”. Cuidava de refinar o olhar com o propósito de enriquecer a sua escrita, ele não foi um iludido acerca do ofício que abraçara.
Antes da longa travessia pelo Oceano, ele vai visitar as cidades históricas em Minas Gerais. Dessa experiência, em 1960, publicou artigos, Osman Lins pinçava o valor artístico e cultural e investia nesse conhecimento, dedicava-se a explorar qualquer assunto independentemente de sua origem étnica ou cultural. A escolha de Avalokiteçvara, uma divindade oriental, um ser cósmico pleno de amor, foi o que o fez chegar ao título Avalovara, no qual ele concentra a ideia de um pássaro composto por pássaros miúdos, recurso alegórico do próprio romance.
Diga-se que dispor o romance no centro do fazer literário foi uma das preocupações de Osman Lins, a qual realiza em A rainha dos cárceres da Grécia (1976). Tudo gira ao seu redor. O autor explica em entrevista a Letícia Lins: “Trata-se de um estudo literário sobre um romance fictício, de forma que a grande personagem do livro é o próprio romance”. A história versa sobre uma mulher que busca um benefício social, que escreve um livro acerca desse seu esforço. A “autora” morre, “e o seu amante faz um estudo a respeito do trabalho dela. O ensaio (falso) na realidade é o meu romance”, afirma Lins. Com a marca de sua literatura provocativa, A rainha... focaliza mazelas sociais brasileiras.
Osman Lins desejava, sim, se integrar da e na literatura de outros países, principalmente a europeia, e se aproximou daqueles centros. Ele via o distanciamento da literatura brasileira e se esforçou muitíssimo em diminuir esse espaço. Buscou um agente literário estrangeiro, que o apoiasse em divulgar seus livros, em ter bons tradutores e boas editoras. No seu projeto de expansão de fronteiras, participou de Colóquio na Alemanha; da Feira do livro, de Frankfurt, em 1976, que fora dedicada à América Latina. Nessa ocasião, pode privar, conversar com empresários do mundo editorial, com vários escritores e estudiosos do tema, e se deu conta de que a baixa circulação dos nossos livros e dos nossos autores se devia ao fato de a língua portuguesa ser menos comum do que a língua espanhola.
Já contava com larga experiência no mundo literário e conhecimento suficiente dos livros escolares de literatura que lhe permitiram expor a sua visão da situação e publica artigos sobre o tema no “Suplemento Literário” de O Estado de S. Paulo. Seu objetivo inicial foi abrir um debate com a sociedade, no entanto, o assunto acabou por se converter em polêmica. Diante da recepção da matéria, a proposta inicial ficou diminuída e o que veio para o primeiro plano foram críticas pura e simples. Como ele declarou, sua posição era a de chamar a atenção dos escritores, alunos e professores do Ensino Médio, para a gravidade das escolhas dos textos que compõem as antologias dos livros escolares de literatura. Ele observara que vários autores optavam por recorrer à própria produção sem o devido valor literário, além de usarem textos viciados, repetindo-os naquilo que de mais pernicioso tinham com prejuízo para os estudantes e consequentemente para o país.
Sem meias-palavras, entendia que após as denúncias, os autores expostos não cometeriam mais os mesmos excessos; dado que daí para adiante, não iriam contar com a alienação das pessoas, nem passariam mais a imagem da literatura como algo morto, sem relação com a vida, que alertados da irresponsabilidade, “em cada professor do curso médio, em cada aluno, em cada escritor”, haveria um juiz. Esses artigos do jornal foram concentrados em Um mundo estagnado (1966), que se repetiram em Do Ideal e da glória: problemas inculturais brasileiros (1977), onde Lins agrega vários desses escritos de crítica, que haviam saído em jornais e revistas.
Osman Lins se via como um homem em permanente luta, o seu lado crítico não se intimidava, tal a retidão de que estava imbuído. Em 1970, ele passou a ocupar a cadeira de professor de Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia de Marília (SP). Nessa oportunidade, ele se deu conta de que certos recursos didáticos usados nas instituições eram inadequados, como de disponibilizar partes de livros, de recortes de textos. O que parecia ser um bem, uma facilidade, tratava-se de fonte de mediocridade, que impedia a noção de conjunto da obra, sem contar a prática perniciosa das apostilas, que veiculavam sínteses dos assuntos, provocando o distanciamento dos livros e a perda de uma memória literária entre os estudantes de Letras.
Lins via o professor como “um disseminador da cultura, um civilizador”, e em seu olhar didático deveria haver o objetivo de despertar nos alunos o interesse pela prática literária e não a simples teorização. Sua ex-aluna, Maria da Graça Paiva, em entrevista, relembra que teve a oportunidade de ter acesso à elaboração de Avalovara antes de sua publicação. Ela se recorda daquele professor de fala suave e sotaque nordestino, de olhos extremamente azuis, que teve a generosidade de compartilhar com seus alunos, os segredos da construção de sua arte.
Nessa sequência de denúncias está o ensaio Guerra sem testemunhas: o escritor, sua condição e a realidade social (1969), um livro de “combate”, de “pregação”, de “meditação”, cujo objetivo era dar depoimento do ofício de escrever, transmitir aos leitores a própria experiência, revelar seus meandros, suas lutas, mostrar que escrever exige dedicação integral, cujo processo se dá na solidão. Ensaio que se abre em duas grandes linhas, a poética com o resgate da memória de seu conterrâneo, o esquecido poeta Deolindo Tavares (1918-1942), trazendo o personagem de seus poemas, Willy Mompow, para se incorporar à Guerra... e a segunda linha, a filosófica, pela aproximação com o pensamento de Jean-Paul Sartre (1905-1980), com o qual Osman Lins se alinhou pela afinidade acerca do papel do escritor na sociedade.
Ao escolher Lima Barreto como tema do seu novo ensaio, Osman Lins revela que foi atraído pela inovação e rebeldia com que esse se apresentou no cenário da vida e no literário, e não é difícil de entender tal identificação. O pernambucano ainda ressalta o inconformismo do escritor carioca, uma atitude que também não lhe foi estranha. Empenhado em divulgar e valorizar Lima Barreto, pois o via como “o símbolo do escritor esmagado pela estrutura cultural brasileira”, dedica-se a desenvolver o ensaio Lima Barreto e o espaço romanesco (1975). Com esse trabalho, o leitor passou a ter acesso a uma novidade no campo teórico da literatura brasileira, que foi o tema do espaço no romance e, especificamente, na obra de Lima.
O olhar de lince de Osman Lins o moveu por diversas direções e provocou o desejo de conhecer mais de perto realidades do nosso Continente Sul-Americano. Em visita aos Andes, com a escritora Julieta de Godoy Ladeira, então, sua segunda esposa, expõem a quatro mãos as duras experiências que passaram por aquelas regiões, as dificuldades climáticas, as carências materiais, econômicas e sociais de uma população sofrida, que traduziram em La Paz existe? (1977).
Osman Lins ao morrer, em 1978, deixa inacabado o romance Uma cabeça levada em triunfo. Há que se incluir no seu acervo, Evangelho na taba: outros problemas inculturais brasileiros (1979), organizado por Julieta de Godoy Ladeira, que reuniu os artigos, a maioria publicados no Jornal do Brasil e no Jornal da Tarde (SP).
Ainda a meio caminho de atingir o grande público, Osman Lins foi um homem avesso a fórmulas estereotipadas, sempre desejou construir algo único, escolheu viver em certo isolamento, escusou-se de frequentar grupos, de ser um partidário, de pertencer a correntes ou o quer que viesse a interferir no seu plano de realização literária. Seu compromisso foi com a palavra escrita, seu desejo de liberdade se alimentava da e na literatura. Foi em sua imanência que ele atuou para criar as próprias obras.
Fica aqui o convite para que o leitor se sinta motivado a conhecê-lo mais de perto, assim como aos estudos sobre sua produção desenvolvidos em universidades brasileiras e estrangeiras. Temos um número considerável de especialistas, que se debruçam sobre o seu fazer literário, que têm muito a dizer de alguém que viveu por pouco tempo, mas deixou um legado intenso de vida e de obra.