"Visionárias: a presença das mulheres na história de Pernambuco"' resgata as histórias de figuras ignoradas

Realizado através da verba do Funcultura, o livro foi escrito e desenhado pela jornalista das revistas Pernambuco e Continente, Danielle Romani

Com a intenção de trazer as figuras femininas para o centro da conversa histórica, a jornalista, repórter das revistas Continente e Pernambuco e escritora Danielle Romani acaba de publicar o livro Visionárias: a presença das mulheres na história de Pernambuco através do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura).

De acordo com a autora, o início do projeto se deu de maneira totalmente despretensiosa: enquanto estava isolada durante o segundo ano da pandemia da Covid-19, Danielle, que tem especialização em história pela Universidade Católica de Pernambuco, passou a adquirir muitas obras sobre Pernambuco e ao ler uma enciclopédia de grandes pernambucanos, se assustou com o número ínfimo de mulheres.

Com a certeza de que um número muito maior de mulheres foram figuras de importância para o Estado desde o século XVI, deu início a uma pesquisa extensa nos acontecimentos de Pernambuco, tudo a fim de compreender o papel de diferentes mulheres na jornada para a contemporaneidade.

Logo na apresentação do livro, Romani escreve justamente sobre o início de sua jornada, atestando que a obra “surgiu de uma constatação feita durante anos de leituras de relatos históricos: a total ausência de mulheres nos episódios fundamentais da história pernambucana. O start, entretanto, foi quando ao adquirir uma enciclopédia que falava de pernambucanos ilustres, deparei-me com o nome de apenas três mulheres. Cheguei a voltar ao índice para me certificar de que estava errada, mas não: só três mulheres foram consideradas fundamentais para contar os quase 500 anos de revoluções, mudanças culturais, guerras e revoltas em Pernambuco”.

Depois de muito pesquisar sobre mulheres pioneiras no Estado, Danielle chegou a mais de 70 mulheres com interessantes histórias para contar, mas decidiu escolher 40 figuras femininas para compor Visionárias: a presença das mulheres na história de Pernambuco. Nesse momento, também decidiu que seria ela mesma a fazer as artes para acompanhar os textos. Assim, além de escrever uma breve biografia para cada uma das 40 mulheres escolhidas, a jornalista também desenhou e pintou à mão 40 retratos.

A obra, apesar de voltada para estudantes e interessados na história pernambucana, possui relevância para qualquer leitor. Ao contar histórias como a de Branca Dias, as heroínas de Tejucupapo, Dandara, Teresa Leitão e Lia de Itamaracá, a autora da obra resgata a narrativa de mulheres fortes e conhecidas do estado, porém o livro não para por aí e personagens quase desconhecidas enfim são biografadas e trazidas para o centro da conversa.

“Não havia um documento que condenasse essas mulheres juntas, mostrando a importância delas. Então, eu fiz como se fosse um pequeno dicionário que você pode consultar”, explicou a escritora.