Um dos mais proativos e criativos produtores culturais de sua geração, o poeta, músico, editor e pesquisador Carlos Gomes de Oliveira, morreu nesta terça-feira, aos 43 anos, em decorrência de um câncer. Seu corpo será cremado em local e hora a ser definido pela família.
Nascido no Recife, Carlos Gomes foi idealizador e principal motor da revista Outros Críticos, em parceria com a designer Fernanda Maia. Surgiu na internet "como um modo de criação e crítica cultural coletiva", abrindo espaço para jovens autores. A Outros Críticos também teria uma versão digital como site e chegou a promover festival. Carlos Gomes conseguia catalisar a energia vital de seus projetos com sua vocação acadêmica, consolidada com o doutoramento em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco.
“Carlos Gomes foi uma das vozes mais singulares da literatura contemporânea pernambucana”, assinalaram, em nota conjunta, a Secretaria de Cultura de Pernambuco e a Fundarpe. “Como poeta e músico, levou aos palcos experimentações verbo-sonoras em projetos como Teu nome vem de longe e Na boca muitos nomes, atravessando a palavra com lirismo, crítica e reinvenção da linguagem”, afirma a nota.
A força da sua poesia foi reconhecida com o livro êxodo (2016), vencedor do III Prêmio Pernambuco de Literatura (hoje Prêmio Hermilo Borba Filho), publicado pela Cepe. “Criador cultural de talento, Carlos Gomes sempre se propôs a movimentar a arte e o cenário pernambucano, promovendo reflexões, diálogos, encontros. Na sua obra se vê isso: nada é estanque, e a prosa dialoga com a música, o ensaio se irmana à poesia, a performance abarca múltiplas linguagens”, destacou o editor da Cepe, Diogo Guedes.
Carlos Gomes publicaria ainda Canções iluminadas de sol (ensaio), Canções não (poesia-disco, 2019) e Nunca é triste um corpo que fala eu te amo (poesia, 2023). Em 2024, estreou na literatura infantojuvenil com o título infantojuvenil Dagunda, também lançado pela Cepe Editora.