É incrível a baixa qualidade dos romances da sérieAmores Expressos da Companhia das Letras, em que os autores convidados, após residências em cidades pelo mundo, precisam voltar com uma trama romântica na bagagem. Até mesmo um autor do quilate de Bernardo Carvalho escorregou feio com O filho da mãe, o seu romance mais fraco. O mais recente, Digam a satã que o recado foi entendido, de Daniel Pellizari também recai na maldição da série, ao centrar a trama na capital irlandesa. Há tanta coisa acontecendo aqui que o leitor fica sem saber o que está acontecendo: de transas juvenis a uma seita pouco religiosa elaborada, passando por uma agência de turismo especializada em locais mal-assombrados que não existem, tudo é confuso e apressado e faz com que o livro dê a impressão de ser uma grande bebedeira para o leitor. Salvam-se apenas o bem sacado título (só que literatura jamais deve ser feita apenas de frases de efeito) e a epígrafe que dá alguma esperança aos mais desavisados: “Que o gato te engula e que o diabo engula o gato”. E que esse livro vá junto.