Onde foi que o Peru se fodeu? Para encontrar a resposta a esta pergunta complexa e palavrosa, sem tirar nem pôr, é que Mario Vargas Llosa escreveu o grande e volumoso romance Conversa na catedral, talvez o seu mais importante livro, agora relançado no Brasil pela Alfaguara. A primeira edição surgiu no país em 1980, com o selo da Editora Francisco Alves, hoje extinta, e brilhante tradução de Olga Savary. Eram os tempos da literatura e, por isso mesmo, alcançou enorme sucesso de público e de crítica. Para contar a história, que é a história do Peru, e, por extensão, a história da América Latina, o autor recorre aos diálogos entrecruzados, técnica criada por Flaubert, nas célebres feiras agrícolas de Madame Bovary. Dois amigos de infância — um jornalista e um homem que toma conta de cães — encontram-se e sentam-se num bar, cujo nome é A Catedral, bebendo e revivendo suas histórias, que, no final das contas, é a história do País. Daí em diante o leitor se delicia com uma narrativa de altíssima qualidade, apaixonante e surpreendente.