Bastam as primeiras linhas de O Complexo de Portnoy, romance que formalizou a importância de Philip Roth como “legista” maior da sociedade americana, para sabermos que estamos bem longe de casa (ou melhor: numa casa bem inóspita): “O personagem mais inesquecível que já conheci Ela estava tão profundamente entranhada em minha consciência que, no primeiro ano na escola, eu tinha a impressão de que todas as professoras eram minha mãe disfarçada. Assim que tocava o sinal ao fim das aulas, eu voltava correndo para casa, na esperança de chegar ao apartamento em que morávamos antes que ela tivesse tempo de se transformar. Invariavelmente ela já estava na cozinha quando eu chegava, preparando leite com biscoitos para mim.” A obra recebe agora uma edição de bolso, que ajuda a apresentar esse clássico contemporâneo a toda uma nova geração. O Complexo de Portnoy, vale ressaltar, prepara estômagos para a obra mais virulenta de Roth, O teatro de Sabbath, também relançada há pouco.