Ano passado, quando do centenário de Elizabeth Bishop, foi uma vergonha que nenhum livro seu estivesse disponível no Brasil, sobretudo pela forte relação que essa poeta norte-americana travou com o nosso país, tanto em termos culturais quanto pessoais (sua relação com a brasileira Lota de Macedo Soares é mais do que documentada). A Companhia das Letras vem remediar o caso agora com a edição de Poemas escolhidos de Elizabeth Bishop, com introdução, notas e tradução do mais que competente Paulo Henriques Britto. Na obra, está reunida grande parte dos poemas que a autora publicou em vida, além de alguns textos póstumos, inéditos em português. “Como todo poeta lírico, Bishop toma sua própria experiência individual como matéria-prima; como todo artista maior, com base nesse material pessoal ela cria obras cujo interesse vai além do puramente autobiográfico e pessoal”, observa Britto. Muito dessa faceta da autora pode ser observada em composições como Uma arte, talvez seu poema mais famoso, em que a autora faz uma irônica homenagem à perda como força motriz da vida.