Pelo menos três palavras podem resumir tecnicamente este bom romance de Rafaella Vieira (foto), Sete minutos no paraíso. Simplicidade, harmonia e ritmo. Mostra uma narradora segura — em primeira pessoa — num texto confessional, sem imagens eloquentes. Sem interferência do autor/ e a certeza de quem sabe que o importante é narrar, deixando que a história conquiste o leitor de modo envolvente e curioso, sem lições ou remorsos, sem empenhos moralistas, sem apelo a erotismos e violências. Dois dos principais cacoetes da moderna literatura brasileira.

 

Raquel, a personagem narradora — mostra, com clareza, como é possível narrar sem contar. Sem apelar para frases convencionais, mas criando situações ou cenas para que fique bem vivo na mente do leitor, o que pretende desenvolver. Por exemplo, para dizer que estava apaixonada pelo amigo, recorre a uma imagem. Evita o lugar-comum, expõe uma cena: “adoro ficar junto dele, olhando para os telhados das casas, para o céu escuro e para as estrelas”. Precisa dizer que está apaixonada?