O suicídio de Sylvia Plath colocou em primeiro plano a imagem de uma mártir para o feminismo e escanteou a força de uma das obras poéticas mais impactantes do século passado. Sylvia será sempre lembrada como a vítima de um marido desatento e infiel, o também poeta Ted Hughes,que igualmente teve sua importância como escritor ofuscada pelo impacto da tragédia. Que ficção pode concorrer com a vida como ela é (ou não deveria ser)? A jornalista norte-americana Janet Malcolm (foto) buscou investigar o estardalhaço que cercou a morte da poeta em A mulher calada, relançado agora no Brasil em edição de bolso. Como é um traço da sua obra, Janet não se restringe a um só gênero no seu texto: mescla psicanálise, reportagem e arroubos literários para investigar nosso fascínio em relação à figura de Sylvia, através das entrevistas, leitura de diários e biografias sensacionalistas. Ano passado a Companhia das Letras trouxe de volta às livrarias O jornalista e o assassino,obra-prima da autora que descortina a tensa (e sempre ambígua) relação entre um repórter e sua fonte.
Uma “mártir” revelada
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- Categoria: Resenhas