A nova edição de bolso de Sentimento do mundo, talvez o livro mais conhecido de Carlos Drummond de Andrade, chega envolta com o lembrete de que ele é indispensável para a bibliografia de certo vestibular. Fico sempre preocupado quando grandes obras literárias são submetidas ao certo e ao errado, ou à exatidão de provas. Como prescrever alguma certeza diante de um poema tão poderoso como Os ombros suportam o mundo e seu realismo, que parece abrigar a profundidade de um buraco negro? Ou mesmo a confusão de sentimentos, entre a penúria social e o sol acolhedor da praia, de Os inocentes do Leblon? Complicado, para dizermos o mínimo. Sentimento do mundo faz parte da reedição das obras completas do autor, que a Companhia das Letras começa a lançar este ano, comemorando os seus 110 anos de nascimento. A “drummondmania”, no entanto, chegará ao seu auge em julho, quando ele será o homenageado da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), espécie de Fashion Week das nossas letras.