Os Estudos Culturais foram o responsável por dar voz aos discursos à margem. Resultado deste impulso teórico, a literatura pós-colonial ainda é vista como o espaço em que os oprimidos ganham voz. O nigeriano Chinua Achebe, no entanto, agregou à discussão identitária a delicadeza da prosa em O mundo se despedaça, publicado em 1958, e agora lançado no Brasil.
Precursor da moderna literatura nigeriana, Achebe trata, em seu primeiro romance, do momento em que uma pequena aldeia africana se vê obrigada a se abrir ao mundo, ainda que pelo ato da invasão. Na trama, o agricultor Okonkwo, durante um período de paz, comete a loucura de atirar em uma de suas três esposas. Desterrado, ele torna-se um exilado na aldeia de sua mãe, cenário do futuro embate entre nativos e missionários britânicos.
Não à toa o herói perde sua identidade territorial. Ainda que de regresso ao umbigo materno, Achebe aponta para o que parece inevitável: a dissolução de fronteiras, sejam elas geográficas ou não. (Guilherme Carréra)
Fronteiras da identidade
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