valter hugo mãe é daqueles que preferem as minúsculas. Essa é só uma das idiossincrasias de um dos grandes nomes da literatura portuguesa hoje. Convidado da Flip deste ano, ele chega para lançar o romance A máquina de fazer espanhóis (segundo título de ficção mais vendido em seu país ano passado), obra que ele teve pudor de enviar a um dos seus amigos, seu fiel leitor José Saramago. O pudor é compreensível. A trama retrata a questão da velhice de forma aguda. Seu personagem, um barbeiro chamado Silva, assim como o Nobel, está na casa dos 80 anos. Depois de perder a mulher, é entregue a um asilo. Encontra-se sozinho, mas sem sucumbir ao pessimismo, num mundo cuja metafísica parece ter sido subtraída e se vê obrigado a investigar novas formas de conduzir sua vida. Destaque para o projeto gráfico do livro, assinado por Lourenço Mutarelli, que também escreveu o texto de apresentação da obra: “Essa é a história de todos os silvas, e é também uma história sobre a saudade, esse sentimento tão profundo que os portugueses fizeram caber em uma palavra”.
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