O poeta pernambucano de Ouricuri ousa, em seu primeiro romance, nos desafiar com um personagem audaz e de nome peculiar, Joseph Língua. No prólogo, a explicação do enredo: um poeta desabrigado entrega seu “relato de viagem” a um repórter que, na incubência de dar um melhor desfecho aos originais, vende-os a um editor. Em uma de suas curiosas errâncias, Joseph indaga ao filósofo Platão sobre haver um refúgio numa “República da Poesia”. Recebendo a negativa, é instigado a redigir o “Manifesto ao Deus Dará”, sobre o descaso com a classe trabalhista dos poetas.
A viagem do anti-herói, que atravessa o mundo das ideias e das palavras em busca de um reconhecimento (por fim, uma crítica), é vista na ousadia do linguajar, que soa, por vezes, como se relatasse as dificuldades vividas pelos poetas recifenses, possíveis resquícios da vivência do autor como sebista durante os anos 1970. O paralelo entre o escritor errante (Joseph) e o poeta “licenciado” (Américo) nos faz pensar, invariavelmente: o romance é mais um caso agudo de alter-ego.
Comunicação
Viagem de Joseph Língua
Autor: Pedro Américo de Farias
Editora: Ateliê Editorial
Preço: R$ 27
Páginas: 120
Variações do meu “eu”
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