Um dos textos mais elucidativos para se entender a obra de Lygia Fagundes Telles está nesse livro discreto, ofuscado pelo fulgor canônico de obras como Ciranda de pedra e Seminário dos ratos, e já há um bom tempo fora de catálogo. Pois bem, aqui os detalhes do encontro, o inusitado encontro, da autora com um Jorge Luís Borges já cego e perto da morte. Explicando: Lygia é uma criadora da linhagem borgeana, senhora do fantástico, que deixa a resolução da sua literatura como herança para o leitor. A dúvida é o seu trunfo. O material presente em Durante aquele estranho chá foi reunido pelo jornalista e estudioso da bibliografia da escritora, Suênio Campos de Lucena. Há ainda relatos da sua convivência com Clarice Lispector, Hilda Hilst (uma de suas amigas mais frequentes) e Jorge Amado, o diário de uma viagem ao Irã e uma defesa apaixonada pela sobrevivência da língua portuguesa. Como se tudo isso não fosse o bastante, a belíssima capa reproduz uma tela da artista plástica Beatriz Milhazes. De fato, uma biblioteca básica.(Schneider Carpeggiani)
A senhora do fantástico
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- Categoria: Resenhas