A obra começa com um inusitado organograma sobre como pedir um aumento para o seu chefe. Deslocado do seu habitat original, os livros de autoajuda, o passo-a-passo para se obter um salário melhor é  não só o roteiro, mas também a principal sacada de A arte e a maneira de abordar seu chefe para pedir um aumento, de George Perec.
Perec, conhecido como um dos principais autores franceses do pós-guerra, mais uma vez se propõe uma escrita regrada, definida por um conceito previamente estabelecido. A intenção, desta vez, é transformar em texto linear o conteúdo de um organograma, destilando ironia e crítica.
O humor do livro mira no absurdo que provém da racionalidade burocrática do homem moderno, condenado, a partir do medo, a planejar cada ato ínfimo e a aspirar, se muito, um aumento salarial. Ainda assim, o texto cai em uma repetição cíclica cansativa, como se para mostrar a desesperança do subordinado em relação ao seu desejo. A proposta inicial é seguida à risca, mas as regras não deixam muito espaço para outros elementos literários. (DG)