
Relatos de viagem, relatos de tentativas. Há algo no momento atual que anda fazendo com que experiências artificiais (ou seja: aquelas que não fazem parte da vida banal, que são escolhas) ganhem o fascínio dos escritores. É o caso do livro de Tiago Novaes, tratado na página ao lado, e deste Incendiário, que conta/reconstrói a experiência do autor na Legião Estrangeira, na França. Mas não é um livro de batalhas ou de aventuras cinematográficas, mas da curiosidade diante do estranho, da necessidade de driblar a banalidade tão superestimada na literatura recente. Um romance de formação, que compreende a importância do vírus literário durante as grandes viagens/descobertas, como explicita a passagem: “Eu era um garoto quando acabei de ler Trópico de câncer, a obra prima de Henry Miller, e nele me vi frente a frente com um ser de verdade. Não um personagem. Não uma história. Mas um ser vivo. Feito de sangue e carne, ossos e gordura. Suas confissões, seus delírios. Finalmente lia, e era como se o próprio autor me contasse, não outras histórias, mas a sua história.”