Os brasileiros passaram muitos anos sem saber lidar com as fotos desbotadas das pessoas que desapareceram naqueles dias em que a História e as histórias foram ocultadas debaixo do tapete e da terra. Eis então que é fundada a Comissão da Verdade e as sujeiras surgem. Nesse contexto, um livro como Ditadura e homossexualidades, organizado por James N. Green e Renan Quinalha, se insere como fundamental.
O capítulo introdutório pontua bem a relação entre a comunidade gay com valores da TFP que, por anos, legitimaram o governo militar. “O indispensável (...) é como as forças de repressão (...) viam na homossexualidade um componente de um complô mais amplo, inspirado pelo comunismo internacional e baseado na dissolução moral”.
O que se segue é um trabalho de compilação de memórias. Foram convidados pesquisadores que vivenciaram os anos de Ditadura dentro da comunidade LGBT, em cidades como Rio, SP e BH.
O livro tem altos e baixos entre os capítulos. Primeiro porque pesquisadores nem sempre são bons escritores e segundo porque o texto com frequência se torna refém das memórias. Ainda assim, é um documento essencial para várias gerações porvir.