Teodoro é um estudante de medicina que vive com sua mãe, vítima de um acidente. Ele conhece Clarice durante uma festa e, nos dias seguintes, utiliza métodos pouco ortodoxos para observá-la de perto. Ela fuma, bebe, estuda história da arte — beija meninas, até! — e isso é suficiente para que Teo veja nela o seu oposto e decida ajudá-la a ser uma pessoa melhor, junto dele. Utilizando um livro de Clarice Lispector para detê-la com um golpe na cabeça (ação com aparente nenhum simbolismo além do ato literal) e guardando seu frágil corpo numa mala, os dois protagonizam uma trama perturbadora por belos pontos do Rio de Janeiro. Dias perfeitos, segundo livro de Raphael Montes, está envolto num ostensivo marketing que cria expectativas que não são atingidas. O romance policial é, na verdade, um suspense psicológico com uma linguagem fraca e má construída — mas com méritos pela boa escolha de uma narração em terceira pessoa imersa no fluxo de consciência do protagonista. O romance, no entanto, garante a principal característica de obras do gênero: a leitura flui e há um grande desejo de terminá-lo rápido — tanto pela tensão, que funciona, quanto por seus pontos fracos.