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Abaixo, a ficção inédita F.B., do poeta Ismar Tirelli Neto. Nela, o autor trabalha a obsessão de um narrador (que se confunde com o próprio poeta) em torno da figura da atriz brasileira Florinda Bolkan.

 

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F.B

Eterno Retorno

“Para o mundo inteiro, ela é um mito”. No vídeo, ei-la passeando por Uruburetama, cidade ao norte do Ceará onde nasceu e viveu até a adolescência. A locução não tarda em ressaltar “as riquezas incalculáveis” em meio às quais a estrela transita cotidianamente. Existe uma constante, talvez. Certa maneira de andar impaciente e alegre. De Sica, ao escalá-la como protagonista de seu Una breve vacanza, justifica a escolha afirmando que aquele era o rosto de uma mulher que poderia ter conhecido a fome. Neste ensaio fotográfico – Vogue italiana, junho de 1969 – seu corpo é descrito como sendo de uma “desenvoltura selvagem”. La donna del momento. Vestidos de chiffon, penteados como mirantes. E por trás disso tudo, uma ideia de miséria, espectral, potente como sugestão e como ausência. Uma cena da fome. Para breve, será interpelada por Ibrahim Sued, que lhe perguntará por que jamais se casou, se prefere uísque ou champanhota, se é do partido da ação ou da oração etc.

Le orme

Florinda Bolkan me aparece em sonho com alguma regularidade. Não sei precisar o motivo. Não há, em nenhum dos dicionários de símbolos que consultei até o presente momento, verbete para Florinda Bolkan.

Ripoli

Acompanha-a em sua caminhada pela cidade em festa Lorenzo Ripoli, sim, estou quase certo de tratar-se de Lorenzo Ripoli, sujeito garboso ao lado do qual Bolkan foi fotografada diversas vezes ao longo da vida. Veja-se, à guisa de exemplo, esta capa da revista Manchete de abril de 1969. “Safári na África”. “As fotos cósmicas da Apolo-9”. Parecidos de porte, de sorriso, de queixo, ambos vestem espalhafatosos conjuntos de um tecido que tomo, talvez equivocadamente, por seda. Púrpura com aplicações em dourado. Raras vezes percebemos quando as coisas à nossa volta ficam douradas. Estaríamos de acordo?

Ao fundo, uma sugestão de espectadores atentos, sequiosos talvez de contato, de comércio com o Sobre-humano.

Neste outro retrato, ambos lançam olhares para trás, por cima do ombro, em direção à câmera. Ela está envolta numa estola emplumada. Ele traja uma espécie de capa. Nós os chamamos? Estarão surpresos? Não me parece possível pegar estas pessoas desprevenidas. Não há “flagra” com esta categoria de gente. Há uma certa prontidão em suas imagens. Estranha prontidão de beleza. Corpos e rostos que se dão, que se apresentam imparavelmente. Nisto, é possível que excedam os desígnios de seus próprios donos. Alguém de fato decide, conscientemente e por vontade própria, exceder o humano? Sued lhe pergunta se ela sente solidão. Bolkan devolve: “É claro, você acha que sou um monstro?”. Desmancha-se numa risada emperrada, nervosa.

Neste outro retrato, bastante simpático, veiculado na revista Gente em março de 1981, Ripoli parece desarvorado. Bolkan vai à frente, sorrindo magnificamente, vestindo uma justa camiseta branca onde lemos, desamparados, a palavra CALIFORNIA.

Ripoli faleceu faz alguns anos. Noticiou-se então que Bolkan estava transportando suas cinzas da Itália até o Rio de Janeiro para atirá-las no mar em São Conrado, bairro do Rio de Janeiro referido às vezes como a “Beverly Hills” carioca.

Lorenzo Ripoli integra o complexo mitológico Florinda Bolkan. Fazem parte deste complexo a companhia aérea Varig, a Ilha de Ísquia, a condessa Marina Cicogna, o ator Helmut Berger, o cineasta Luchino Visconti, a assessora de imprensa Romy di Vitti, o músico Fagner, a princesa Anna Chigi, o modista Valentino, a estrada do Joá, uma ideia de Nordeste, uma ideia de estrelato, Marcel Proust, uma égua chamada Nina, a comuna de Bracciano nos arredores de Roma etc.

Prolegômenos a uma ciência do mito

Conheço a voz de Chapelin, conheço uma que outra coisa sobre a vida e a carreira de Florinda Bolkan, nascida Bulcão, em Uruburetama. Não conheço espaço de significação mais vasto ou negociável que o mito. O alcance e a elasticidade do termo parecem-me praticamente ilimitados. Portanto, quando Sérgio Chapelin fala que Bolkan é um “mito”, cabe-nos perguntar: a que conceito aludirá? Ou melhor, a que aspecto do mito nos está enviando? Certo, Florinda Bolkan é um mito. A colocação assenta bem. Ao afirmá-lo, tenho a íntima impressão de dizer uma verdade. Mas a verdade é que não sei ao certo o que disse. Ainda na introdução a seu volume O Mito, K. K. Ruthven provoca:

“Os mitos têm uma qualidade que Wallace Stevens atribuiu à poesia, num aforismo meticulosamente evasivo: conseguem resistir à inteligência”.

O ex-presidente Lula, cuja imagem preenche neste momento o televisor da sala da amiga que me está hospedando no momento, é também um mito.

Jair Bolsonaro, presidenciável, inexpressivo militar com vapores de grande inquisidor, é comumente referido por seus asseclas como mito. “Mitar” é um verbo, salvo engano, recém-surgido que costuma escorrer pela boca de certa direita singularmente imbecil para indicar esmagamento argumentativo, silenciamento do dissenso, triunfo forçoso sobre a diferença.

É inteiramente possível que toda e qualquer designação seja, em última análise, tão sofismável quanto esta de “mito”. As coisas se equivalem, é certo... Contudo, parece-me que em nenhum outro conceito encontraremos tamanha suscetibilidade às peristalses da história. Para cada momento e região do pensamento, o mito assume uma significação a um só tempo vaga e particularíssima. É uma resposta inteiramente precisa a uma fratura universal. Mas é uma fratura que se esconde no exato momento em que buscamos tematizá-la racionalmente.

Le orme (II)

No mais dos casos, as visitações se dão quando estou passando por algum tipo de crise. Então, da pessoa de Florinda em sonho, de seu porte, de sua estatura, emana uma espécie de consolação. Paz. Uma paz improvável. Ela se aproxima em atitude de aconselhamento, mas não consigo carrear para a vigília o que me diz. É mesmo possível que não me diga nada. Percebo, no entanto, que uma transmissão de qualquer espécie ocorreu. Algo de sua presença passa para mim em sonho, algo que talvez não dependa de linguagem articulada. Algo que talvez seja apenas a caminhada impaciente e alegre, a desenvoltura selvagem, ainda que no sonho ela permaneça sobrenaturalmente imóvel. Com o sobrenatural, sabemos todos, não se transige. Que ela me seja um bom espectro, que ela me exiba sempre sua feição mais acalentadora, é uma questão de sorte. Tem sempre aspecto tão sentencioso, quando vem me “falar”, que é também como se fosse perfeitamente capaz de me destruir. Mas o que fica, quando acordo, é a sensação de que alguma espécie de orientação me foi dada. Um norte. Não tanto uma solução clara e definitiva para o problema que estive ruminando logo antes de pegar no sono, mas, sim, uma certa disposição para a solução, uma clareza de espírito a que não estou habituado. Acordo confiado de que as coisas chegarão a bom termo no devido tempo. As pessoas mal me reconhecem.

Tirelli di Roma

Explico para meu marido Gustavo que já existiu pelo menos um Tirelli na vida de Florinda Bolkan. Umberto Tirelli, dono da Sartoria Tirelli di Roma, vestiu não apenas a Flor de Uruburetama, mas também um renque de estrelas do cinema e da ópera. Por um breve momento, portanto, obsedou-me a ideia de que entre nós havia algum parentesco, ainda que vago, remotíssimo, praticamente inverificável. Traçar uma linha – praticamente inverificável – das minhas mãos até às de Umberto. As minhas mãos escrevendo as mãos de Umberto Tirelli escolhendo túnicas numa arara. Umberto Tirelli. O querido zio Umberto. Digo para o Gustavo que existiu já um Tirelli na vida de Florinda. O segundo, presumível segundo, eu, está para chegar. Por ora, está se espreguiçando. Volta-se para seu marido na cama, sorrindo, busca descrever em tom quase sedado uma das túnicas extravagantes e formidáveis que ela usa em Investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita. Os flancos abertos, fendas pelos lados, cores vertidas até os pés descalços. Ela sorri. Quadrada. Maçãs do rosto impossivelmente altas. Tem mais cabelo que eu e meu marido juntos. Ela traja uma cascata, reta queda d’água, cortina de miçangas, os flancos abertos, azeitonados.

Café da manhã

“Qual seria a maneira mais lógica de chegar até Florinda Bolkan?”, pergunta Gustavo durante o café.

O emprego da palavra lógica, a seriedade – talvez imerecida – com que Gustavo me interpela, tudo isto me impressiona fundamente.

“Mandei um e-mail para sua assessora de imprensa aqui no Brasil. Aguardo resposta. Se estivesse no lugar dela, no entanto, não sei se responderia. Relendo o e-mail, ele me parece servil e confuso. Nada se exprime com clareza ali, salvo uma vontade. Não é o suficiente. É genuíno, mas não é o suficiente. Nenhum escambo. Nenhuma troca.”

“Portanto, o texto”, digo aos amigos reunidos em torno da mesa, “deverá ser estruturado de modo a não depender de um contributo direto de Florinda, nem de Florinda nem de sua assessora, de modo que eu possa, sem aviso e sem culpa, disparar por considerações de natureza inteiramente diversa a qualquer momento”.

A ideia de entreter uma comunicação amistosa com Florinda Bolkan, embora despropositada, não deveria me meter medo. Em termos objetivos, ela – a ideia – não é nem mais nem menos despropositada do que qualquer outra (as coisas se equivalem, é certo...). Tem seu lugar ao sol, o desarrazoado que cobre tudo, domo em cujo interior todas as coisas tornam-se cabíveis. Nada é inverossímil. Se me mostro hesitante, isso se deve ao fato de que não existe humana empresa que não me ponha, em alguma medida, profundamente desconcertado.

Hoje mesmo pensei sobre o medo. Anotei em alguma ficha pautada, já devidamente perdida entre os papéis da casa, não bole um olho nesta floresta. É claro, eu poderia ter optado por “bosque”, mas isso não teria sido de todo honesto. Não se deve ser tão harmônico assim. Não se deve ser tão sonoro. Questão de modéstia.

 

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E-Mail Enviado Para a Assessora de Imprensa Romy di Vitti (Não Respondido)

Desculpe a intrujice, espero que esta pequena comunicação a encontre bem.

Chamo-me Ismar Tirelli Neto, sou um escritor carioca (radicado em Curitiba) e estou trabalhando no momento num artigo sobre Florinda Bolkan para o Suplemento Pernambuco, periódico para o qual colaboro ocasionalmente.

Trata-se, mais especificamente, de uma meditação sobre o papel desempenhado por ela em Le orme, de Luigi Bazzoni, um dos meus filmes favoritos. É um bocado difícil encontrar material escrito sobre este filme em particular, que para mim excede muitos outros filmes célebres em densidade e que há anos me acompanha.

Não sei se a sra. Bolkan gosta deste tipo de entrevista, se estaria disposta a compartilhar comigo algumas memórias a respeito desse filme em particular, mas pensei que não custava tentar. Pesquisando um pouco na internet, descobri que a senhora está há muitos anos profissionalmente associada à F.B., e portanto achei por bem tentar contactá-la, correndo o risco de soar entrão.

A senhora saberia por acaso me informar se ela tem um endereço de e-mail para o qual eu possa enviar algumas perguntas, relativas à ambiência no set de Le orme, às instruções do diretor, às expectativas gerais em torno da repercussão da fita?

Desculpe novamente o incômodo, e segue o fortíssimo abraço do

Metti... Una sera a cena

Conhecemos hoje a esposa do W. Ela é italiana, professora universitária, especialista em romantismo alemão. Vive no Brasil há pouco menos de uma década. “Nunca pensei que as coisas chegariam a esse ponto em tão pouco tempo”, diz ela. Nenhum de nós, na realidade. Nenhum de nós ao redor da mesa. Faço os amigos ouvirem o único single gravado por Florinda: sua interpretação do tema de Metti... Una sera a cena, de Ennio Morricone. Nos anos 1990, Bolkan lançou um livro de culinária que, no Brasil, saiu com o nome de À mesa com Florinda. Sabe-se que um de seus maiores prazeres na vida é cozinhar para sua legião de amigos.

Não consigo temperar meu entusiasmo diante da esposa de W., sinto que meu rosto está se esbraseando. Tão logo aperto sua mão, digo-lhe que estou escrevendo uma espécie de artigo sobre Florinda Bolkan. “Por quê?”. Como ela é afável e parece genuinamente interessada, respondo a verdade: eu não sei, ela me aparece em sonho com frequência. Eis o que ela me diz, então. Sua mãe, residente em Pádua, dona de uma pequena casa de azeite artesanal, sempre que se refere a uma mulher bonita costuma dizer: “É bonita como Florinda Bolkan”.

“Não”, salienta, “como Monica Vitti, não como Sophia Loren. Bonita como Florinda Bolkan”.

Recebo essa informação como um presente de valor inestimável.

Ramificações

No decurso de toda e qualquer pesquisa existe um faiscante, injetado momento em que tudo parece referir-se, de algum modo, ao tema estudado.

A sogra de W., vimos há pouco, fabrica azeite em Pádua. Também Florinda lançou há alguns anos seu próprio azeite.

Chama-se Emozioni.

Há um vinho, também, como não poderia deixar de haver. Chama-se Rosso Vivo... by Florinda Bolkan (como não poderia deixar de chamar-se).

Em São Paulo por motivos de trabalho, aproveitamos – eu e Gustavo – o domingo para ir ao cinema. Descobrimos uma retrospectiva do Visconti, cineasta a quem se debita o “descobrimento” de Florinda. Na fila do ingresso para Morte em Veneza, pego-me – para grande aflição de Gustavo – encetando conversa com a senhora idosa à nossa frente.

“A senhora já viu Os deuses malditos?

“Só na época.”

“A senhora tem alguma lembrança de Florinda Bolkan no filme?”

“Não sou muito fã dela, não.”

Ocorre-me uma chamada da entrevista que Chico Buarque conduziu com Florinda em Roma para O Pasquim, em algum momento de 1969: O que o Brasil tem contra esta mulher?

A entrevista d’O Pasquim constituiu um eixo fundamental da pesquisa. Outra entrevista de caráter axial é mais recente, estampada na revista Trip. Foi conduzida no Bar Lagoa, no Rio de Janeiro, que também visitamos recentemente por motivos de trabalho.

Em visita, pois, ao Rio de Janeiro, vamos – eu, Gustavo e um casal de amigos – ao Bar Lagoa, onde todas as mulheres de uma certa idade presentes parecem-me Florinda Bolkan. As fronteiras entre vigília e espaço onírico, está claro, tornaram-se já uma mera convenção. Transpiro. Pergunto ao garçom que nos atende se ele saberia me informar com que frequência – se alguma – Florinda Bolkan costuma frequentar este estabelecimento. Ele responde que muita gente famosa costuma ir lá. Silencia, bloco em mãos. Sem saber como dar continuidade à conversa, peço uma milanesa e uma Coca-Cola.

Diana, em grego Ártemis

Filha de Maria Hosana e José, tanto Hesíodo quanto Homero dão sua nascença como Uruburetama (Terra dos Urubus). Com frequência se lhe apõem os epítetos “agreste”, “selvagem”, “viril”, “atlética”. Conta-se que investiu o primeiro cachê recebido em uma égua puro-sangue que deu crias por 500 gerações. Desde então, é identificada aos equinos e a todas as atividades que envolvem montaria. Além disso, são atribuídos a ela ainda os dons da caça, do despiste, da extrema reserva e do preparo de poções mágicas. Desde que temos notícia, sua figura é associada ao sol e às temperaturas elevadas. Todas as flores têm o seu nome enquanto ela as pisa.

São conhecidos templos em Teresópolis, Quixabá, Bracciano (arredores de Roma), Los Angeles e Nova York. Representam-na de ordinário caminhando ao lado de um altivo cavalo, usando longuíssimas saias escuras ou sobretudos fechados. Em alguns povoados, é também figurada nua da cintura para cima, tendo duas margaridas coladas aos pequenos seios. Durante as festas desta deusa, usa-se sacrificar curvas. Os celebrantes acorrem às ruas, enchem as bocas de terra e areia e alienam-se furiosamente.

Barthes falando sobre Garbo

Quando Roland Barthes, em seu Mitologias, desanda a falar sobre Garbo, a impressão que tenho é de que não compreendo absolutamente o que ele quer dizer, mas esta incompreensão é bela, é como deslizar por uma superfície congelada sem sofrer o frio que possibilitou a transformação da água em gelo. Ele aventa, entre outras coisas, que Garbo pertence a um momento do cinema em que o rosto humano é capaz ainda de provocar comoções místicas no espectador; que a mescla de terror e reverência inspirada por seu semblante, menos pintado que engessado, sugere que estamos ainda num momento platônico da imagem cinematográfica, momento no qual estamos em contato com a ideia de algo, não exatamente com um exemplar. Daquele rosto, portanto, muitos outros haveriam de emanar, tanto no âmbito do cinema quanto no da vida real. Ao falar do arquétipo da divina, síntese entre a vamp e a virgem sofredora, o teórico Edgar Morin destacará também seu caráter oscilante de inacessibilidade e presença. Ela está no meio de nós, estando ainda por chegar. Ouvimos nos seus olhos negros e fixos como que uma cavalaria distante.

Que fazer com um mito?

Para que qualquer coisa atinja a esfera do mito, ela deverá fazer-se narrar por outrem. Isto me parece claro. Que o mito seja manifestação reativa ao mistério em torno da origem das coisas, que ele aterre, de algum modo, a flutuação do fenômeno, pacificando-o portanto, é dado inteiramente válido, mas que a própria constituição de nossa sociedade atual interdita, circunscrevendo-o ao pitoresco. Aquilo que não se explica por si só, que demanda continuidades narrativas, um exercício de contação que trespassa o espaço e o tempo – eis a matéria do mito.

Existe uma ferida no mundo perfeitamente explicada pela existência de Florinda Bolkan.

Tenho certeza disso.

Mas não sei que ferida é esta.

 

 

* Ismar Tirelli Neto é poeta, tradutor e roteirista. Escreveu, entre outros, Ramerrão.