É hora dos brasileiros conhecerem a produção poética do norte-americano Raymond Carver (1938-1988). Esta vida (Poemas escolhidos), com tradução de Cide Piquet pela Editora 34, é lançado hoje (1º), a partir das 19h, no Rio de Janeiro, na livraria Leonardo Da Vinci (Av. Rio Branco, 185). Montamos aqui um guia das duas edições que norteiam as produções de poesia e de prosa de Carver.
Esta vida (Poemas escolhidos) – Há quase uma década que o editor e tradutor Cide Piquet começou o projeto de verter para o português alguns dos poemas de Raymond Carver. Para quem conhece sua prosa, há o reencontro com os pequenos fracassos e mortes cotidianas da sociedade norte-americana, apavorada diante de qualquer vislumbre de sua decadência.
Tudo é simples aqui, como o “Medo de dormir à noite/ Medo de não dormir/ Medo de que o passado desperte/ Medo de que o presente me escape/ Medo do telefone que toca no silêncio da noite”, ou o súbito de abrir os olhos logo cedo - “Esta manhã despertei com a chuva/ no vidro. E compreendi./ que já há muito tempo/ venho escolhendo o vício, quando / havia outra escolha”. A aparente simplicidade dos temas, dispostos por versos livres e por uma insistente primeira pessoa, nos faz pensar “que a vida está acontecendo em todos os lugares o tempo todo” - como aponta Angélica Freitas na orelha da seleta. O Carver-poeta é tão potente para influenciar/contaminar a produção literária ao seu redor quanto o Carver-contista.
68 contos de Raymond Carver – Edição primorosa da Companhia das Letras, atualmente difícil de encontrar nas livrarias. Com tradução de Rubens Figueiredo, estão reunidos aqui textos que vão dos trabalhos iniciais do autor até sua obra-prima, Catedral. Além de cinco contos dispersos daquele que mereceu o rótulo de Tchekhov da literatura norte-americana (leia, por exemplo, o sintético e atordoante “Por que não dançam?” para entender essa fama). A publicação desse volume ajudou a reposicionar no Brasil a importância de um dos gigantes da ficção contemporânea.