Embora negue a pretensão épica, por ser a essência do poema muito mais lírica, José Rodrigues faz paráfrases de Camões e obedece à estrutura do gênero: verso decassílabo, a oitava rima e a elaboração de dez cantos. Utiliza ainda colagem dos versos de Dante, Jorge de Lima, Fernando Pessoa e outros poetas, à maneira de Eliot. Entretanto, cada canto pode ser lido como um poema autônomo e refere-se, fundamentalmente, à vida e à alma do próprio poeta. Assim, o mar em que sua “epopeia” se desenrola é o mar da existência. A variedade das imagens e a introdução de elementos contemporâneos servem para dar um brilho extra ao longo poema, que, mais que no espaço, transcorre no tempo. Outro destaque é a fluidez que o percorre e dá leveza ao que é profundo.