Mais uma vez, convidamos alguns escritores e críticos que trabalharam conosco durante o ano de 2019 para votar nos melhores livros do ano. E para a votação, houve somente um critério: os livros deviam ter sido lançados de Janeiro em diante, podendo ser de ficção ou não-ficção, edições nacionais, estrangeiras e reedições.
O livro nacional mais votado foi Ideias para adiar o fim do mundo, de Ailton Krenak. Para o título estrangeiro, o mais votado foi Discoteca selvagem, de Cecilia Pavón.
Confira os resultados!
> José Castello (Crítico literário e colunista do Pernambuco)
O verão tardio (Luiz Ruffato) – Companhia das Letras
A morte e o meteoro (Joca Reiners Terron) – Todavia
Essa gente (Chico Buarque) – Companhia das Letras
Colégio de freiras (Raimundo Carrero) – Iluminuras
Os olhos de Diadorim (Wander Melo Miranda) – Cepe Editora
> Everardo Norões (Crítico literário e colunista do Pernambuco)
Correspondance (1944-1959) Albert Camus x María Cazarés - Gallimard
Entre paixão e literatura.
Bíblia (tradução de Frederico Lourenço) - Companhia das Letras
O sagrado revisto pela erudição
Tiempos recíos – Vargas Llosa - Alfaguara
O romance no rumo do best-seller.
L’órdre du jour – Eric Vuillard - Actes Sud
Como as multinacionais alimentam o fascismo.
> Schneider Carpeggiani (Crítico literário e editor do Pernambuco)
Onde estão as bombas (Tatiana Pequeno) - Edições Macondo
Discoteca selvagem (Cecilia Pavón, tradução de Clarisse Lyra e Mariana Ruggieri) - Edições Jabuticaba
Os anos felizes (Ricardo Piglia, tradução de Sérgio Molina) - Editora Todavia
Sobre os ossos dos mortos (Olga Tokarczuk, tradução de Olga Bagińska-Shinzato) - Editora Todavia
Lição de matéria (Daniel Arelli) - Prêmio Paraná de Literatura
> Igor Gomes (Crítico literário e editor assistente do Pernambuco)
Discoteca selvagem (Cecília Pavón, tradução de Clarisse Lyra e Mariana Ruggieri) - Edições Jabuticaba
Memórias da plantação (Grada Kilomba, tradução de Jess Oliveira) - Cobogó Editora
Mil sóis (Primo Levi, org. e trad. de Mauricio Santana Dias) - Editora Todavia
Não leiam delicados este livro (Jorge de Sena, org. de Gilda Santos) - Bazar do tempo
Tempo de mágicos (Wolfram Eilemberger, trad. de Claudia Abeling) - Editora Todavia
> Nuno Figueirôa (Repórter estagiário do Pernambuco)
Torto arado (Itamar Vieira Jr) - Editora Todavia
Sorte (Nara Vidal) - Editora Moinhos
Prosa pequena (Amilcar Bettega) - Editora Zouk
Luanda, Lisboa, Paraíso (Djaimilia Pereira de Almeida) - Companhia das Letras
Crocodilo (Javier A. Contreras) - Companhia das Letras
> Victor da Rosa (crítico literário e professor do curso de Letras da Universidade Federal de Ouro Preto)
Badaladas (Machado de Assis) - Editora Alameda.
Resultado de uma pesquisa espetacular da professora Silvia Maria Azevedo, uma das nossas principais especialistas na obra de Machado, este livro reúne cerca de trezentas crônicas atribuídas ao autor fluminense que até então nenhum crítico foi capaz de atribuir. São crônicas assinadas por um pseudônimo coletivo, Dr. Semana, supostamente escritas quando Machado havia acabado de completar 30 anos. Além da importância da pesquisa, as crônicas são animadíssimas.
Lucky Jim (Kingsley Amis, tradução de Jorio Dauster) - Editora Todavia.
Sem dúvida este é o livro mais engraçado que li no ano, e um dos mais engraçados que li na vida. No posfácio à edição, um crítico inglês se pergunta por que este romance é tão engraçado, e a prova do grande valor do livro de Amis, um dos principais autores ingleses do século XX, é que o crítico não consegue responder a essa pergunta que, de fato, não tem resposta mesmo.
Ideias para adiar o fim do mundo (Ailton Krenak) - Companhia das Letras.
Ailton Krenak tornou-se uma voz incontornável no debate político brasileiro, e esse pequeno livro, resultado de duas palestras e uma entrevista proferida pelo líder indígena nos últimos anos, marca sua incrível trajetória que tem como marco inaugural a cena que protagonizou na Assembleia Constituinte em 1987. O livro é o melhor convite para começar a ouvir tudo o que Krenak tem a dizer.
Tiqqun: contribuição para a guerra em curso (vários autores, tradução de Vinícius Nicastro Honesko) - n-1 Edições.
Espécie de clássico do pensamento político contemporâneo, publicado originalmente na França há dez anos e escrito a várias mãos, este livro chega ao Brasil em uma bela edição da n-1 e em muito boa hora justamente como “contribuição para a guerra em curso”.
Tudo pronto para o fim do mundo (Bruno Brum) Editora 34.
Depois de Mastodontes na sala de espera, Bruno Brum consolida um lugar próprio na nova poesia brasileira com um livro ainda melhor, o quarto lançado até agora pelo poeta, escrito com a pena da galhofa e a tinta da melancolia. O livro pode ser lido como chave para interpretar poeticamente as diversas crises em que vivemos, e se singulariza por não oferecer a tais crises qualquer resposta aceitável.
O livro dos jardins (Ana Martins Marques) - Editora Quelônio.
Uma das grandes poetas da língua portuguesa do século 21, Ana Martins Marques reuniu neste livro, com projeto gráfico à altura, uma série de poemas que se dedicam a imaginar a vida das plantas e dialogam com outras poetas mulheres, como Sylvia Plath e Orides Fontela.
> Gustavo Silveira Ribeiro (crítico literário e professor do departamento de letras da Universidade Federal de Minas Gerais)
Não leiam delicados este livro (Jorge de Sena, org. de Gilda Santos) - Bazar do Tempo
Antologia de um poeta fundamental, até hoje parcamente editado e ainda pouco lido no Brasil. No centenário do seu nascimento, descortina-se diante do leitor um poeta trágico e meditativo, cujos versos – tantas vezes marcados por um lirismo intenso, próximo da violência – têm na busca pelo real e no diálogo com a História seus elementos fundamentais. Poeta político, voltado para os acontecimentos do seu tempo, Sena interpelou como poucos a tradição europeia e portuguesa, fazendo de Cavalcanti, Camões e Goya seus contemporâneos, projetando-se sobre as suas questões a partir das demandas do presente.
Tiqqun: contribuição para a guerra em curso (vários autores, tradução de Vinícius Nicastro Honesko) - n-1 Edições
Tradução de textos fundamentais publicados em dois números da revista francesa Tiqqun, nos quais se faz original, erudita e provocadora leitura do mundo contemporâneo, em diálogo com proposições e ideias de, entre outros, Michel Foucault. As formas-de-vida, a guerra civil, a massa de mundos, os dispositivos são alguns dos conceitos convocados pelo pensamento inquieto que tem lugar nesse texto híbrido e anônimo, um misto de análise social, manifesto para a ação política e exercício filosófico. Apesar de publicado pela primeira há alguns anos, a Contribuição para a guerra em curso revela-se atual e urgente, marcado (desde a capa da edição brasileira) pela pólvora que circula no ar de nossos dias.
O livro dos jardins (Ana Martins Marques) - Editora Quelônio
Breve e coeso livro de poemas de uma das autoras de maior destaque no cenário brasileiro do presente. Abandonando os versos mais longos, os poemas cadenciados e anafóricos, a poeta experimenta aqui algumas modalidades da forma menor e da condensação. Voltados para o universo dos jardins e da vida vegetal, os poemas procuram tirar da observação do mundo cíclico e lento das plantas lições éticas, imagens de outras formas de vida possíveis. Fugazes, simples ou luxuriosos, os jardins de Ana são como poéticas distintas, diferentes modos de relação com a linguagem e o pensamento que a autora decide ativar, endereçando-se, em diálogos sutis, a poetas como Alejandra Pizarnik, Orides Fontela, Ingeborg Bachmann e Wislawa Szymborska, entre outras.
A literatura nazista na América (Roberto Bolaño, tradução de Rosa Freire d'Aguiar) - Companhia das Letras
Primeiro dos grandes romances de Bolaño, A literatura nazista na América permanecia inédito no Brasil, uma lacuna que os muitos leitores do escritor não podiam compreender bem. Feito quase todo de pequenos textos (falsas resenhas, verbetes, biografias, comentários sobre a vida e a obra de escritores latino-americanos de extrema-direita que nunca de fato existiram, ainda se aproximem, de muitos modos, de modelos reais, alguns bastante conhecidos), o romance é um projeto borgeano, um jogo de pistas e referências, uma infindável enciclopédia que procura dar conta de uma das obsessões do escritor chileno: as implicações éticas da literatura, as relações entre a atividade criativa (associada, idealmente, ao Belo e ao Bem) e a violência. A responsabilidade do escritor talvez seja, como em todos os principais textos de Bolaño, o grande tema desse livro estranho e fascinante.
Verifique se o mesmo (Nuno Ramos) - Todavia
Reunião de ensaios do escritor e artista plástico de São Paulo, autor de uma obra inclassificável que circula entre formas e texturas, gêneros e linguagens sem nunca se fechar completamente num só lugar ou sentido. Assumindo a elasticidade própria do ensaio, sua abertura para a experimentação e a dúvida, Ramos se debruça, no conjunto principal do livro, sobre o trabalho de artistas muito diferentes entre si como Caetano Veloso, Tunga, João Gilberto, Mira Schendel e Graciliano Ramos, interessado em pensar como, subterraneamente, eles perfazem um circuito comum: criar obras em que o dentro e o fora, o público e o privado estão entrelaçados de modo inextricável e moebiusiano, isto é, em circulação ao mesmo tempo interior e exterior, familiar e estranha. A vida cultural brasileira é o grande pano de fundo que permite dar sentido pleno a essas leituras, na medida em que o ambiente nacional, de intensa criatividade artística e baixa densidade do público e do debate de ideias, aprisionaria os artistas numa trama circular complexa.
> Edma de Góis (pós-doutoranda em estudo de linguagens pela Uneb)
Torto arado (Itamar Vieira Junior) – Todavia
A forma tradicional do romance, que lembra de imediato a melhor safra de romancistas do ciclo regionalista do nosso modernismo, atualiza a discussão do passado escravocrata do Brasil a luz dos problemas atuais, bem como as suas formas de resistência.
Escrever sem escrever - literatura e apropriação no século XXI (Leonardo Villa-Forte) – Relicário
Um belo ensaio, acessível para estudiosos e leitores não especializados, sobre alguns modos de se fazer literatura no contemporâneo. Villa-Forte, além de apresentar alguns dos nomes mais representativos da escrita não-criativa no Brasil e no mundo, também acaba por exportar os críticos que inauguram esta discussão como Kenneth Goldsmith.
Ideias para adiar o fim do mundo (Ailton Krenak) – Companhia das Letras
São três comunicações dadas pelo líder indigenista que parece antever a série histórica de tragédias ambientas do Brasil de 2019. Não se trata de metafísica, mas sim a simples e previsível constatação do que acontece desde que a humanidade se apartou da natureza e se alinhou ao discurso de empresas e instituições de "humanidade" duvidosa. Os textos são um clarão de lucidez nesse ano de Brumadinho, queimada na Amazônia e petróleo no litoral do Nordeste e Espírito Santo.
Maternidade (Sheila Heti, tradução de Julia Debasse) – Companhia das Letras
A escritora canadense se soma, sem repetir a fórmula nem a argumentação, ao time de mulheres que tem refletido sobre a maternidade, sob um viés não sacralizado (a franco-marroquina Leïla Slimani em Canção de ninar, Carola Saavedra em Com armas sonolentas, Aline Bei, com O peso do pássaro morto, todos de 2018). Além dos dilemas herdados do patriarcado e do capitalismo, a narradora ainda nos faz pensar sobre o lugar da mulher artista e escritora no mundo atual e colapsado.
Redemoinho em dia quente (Jarid Arraes) – Alfaguara
A seleção de contos equilibra estruturas textuais bem realizadas, humor e dicção do Cariri, microrregião no extremo sul do Ceará. Apesar dos contos se passarem nas cidades de Juazeiro do Norte, Barbalha e Crato, eles apontam problemas repetidos em todo país como a luta contra a pobreza e o machismo. Detalhe: são as mulheres que disparam as narrativas.
> Leonardo Nascimento (Jornalista e mestrando em antropologia social da UFRJ)
A fúria (Silvina Ocampo, tradução de Livia Deorsola) – Companhia das Letras
Armadilha da identidade (Asad Haider, tradução de Leo Vinicius Liberato) – Veneta
Ideias para adiar o fim do mundo (Ailton Krenak) – Companhia das Letras
Jonathas de Andrade, One to one (Org. José Esparza Chong Cuy) – Museum of Contemporary Art of Chicago e Delmonico Books Prestel)
Moby Dick ou A baleia (Herman Melville, tradução de Irene Hirsch e Alexandre Barbosa de Souza) – Editora 34
Mulheres livres: a luta pela emancipação feminina e a Guerra Civil Espanhola (Martha A. Ackelsberg, tradução de Júlia Rabahie) – Editora Elefante
Nas ruínas do neoliberalismo (Wendy Brown, tradução e notas de Mario A Marino e Eduardo A Camargo Santos) – Editora Politeia
Os anos (Annie Ernaux, tradução de Marilia Garcia) - Três Estrelas
Por qual árvore espero (Eileen Myles, tradução de Mariana Ruggieri, Camila Assad, Cesare Rodrigues) – Edições Jabuticaba
Uma autobiografia (Angela Davis, tradução de Heci Regina Candiani) - Boitempo Editorial
Discoteca selvagem (Cecilia Pavón, tradução de Clarisse Lyra e Mariana Ruggieri) - Edições Jabuticaba
> Juliana Gomes (Livreira e uma das coordenadoras do Leia Mulheres nacional)
A rainha do ignoto (Emília de Freitas) - 106 Editora
Primeiro texto de literatura fantástico no Brasil e talvez um dos primeiros na América Latina e escrito por uma mulher. Há muitos anos esgotada e neste ano recebeu várias reedições, essa merece destaque porque conta com a apresentação e as notas da professora Constância Lima Duarte, uma das principais estudiosas sobre autoria feminina do país.
Querido Diego, sua Quiela (Elena Poniatowska, tradução de Nilce Tranjan e Ercílio Tranjan) - Mundaréu editora
Primeira esposa de Diego Rivera, Angelina Beloff , escreve sem obter resposta, sucessivas cartas ao marido. Ao longo de nove meses foi essa rotina que a jornalista e escritora mexicana Elena Poniatowska detalhou por meio da ficção usando esse fato real, o relacionamento entre o reverenciado pintor mexicano Diego Rivera e a pintora russa Angelina Beloff, sobre amor, entrega, dependência e a posição da mulher e da arte no começo do século XX. Elena é ganhadora do Prêmio Cervantes de 2013.
BABEL-17/ESTRELA IMPERIAL (Samuel R. Delany, tradução de Petê Rissati) - Editora Morro Branco
Finalmente lançado no Brasil dois livros de um dos criadores do afrofuturismo. Ainda vivo, Delany também é referência para acadêmicos que estudam ficção científica com seus ensaios e estudos. No Brasil a edição saiu com dois de seus romances.
Talvez precisemos de um nome para isso: ou o poema de quem parte (Stephanie Borges) - Cepe Editora
Primeiro livro da poeta, jornalista e tradutora Stephanie Borges. Foi ganhador do Prêmio Cepe de Literatura em 2018 e não foi em vão, cheio de referências, esse poema livro já é um referência no tema ou em todos os temas que ele toca.
Minha pátria era um caroço de maçã (Herta Müller, tradução de Silvia Bittencourt) - Biblioteca Azul
Através de entrevistas dadas para jornalista Angelika Klammer, Herta Müller nos conta sua trajetória. Herta escritora e artista se encontram neste livro.
> Fernanda Miranda (crítica literária e professora)
A origem dos outros (Toni Morrison, tradução de Fernanda Abreu) - Companhia das Letras
Pensamento feminista negro (Patricia Hill Collins, tradução de Jamille Pinheiro Dias) - Boitempo Editorial
Fique comigo (Ayòbámi Adébáyò, tradução de Marina Vargas) - Editora Harper Collins
Eu, Tituba, bruxa negra de Salem (Maryse Condé, tradução de Angela Melim) Editora Rosa dos Tempos
Memórias da plantação – episódios de racismo cotidiano (Grada Kilomba, tradução de Jess Oliveira) - Cobogó
Ideias para adiar o fim do mundo - Ailton Krenak - Companhia das Letras
> Priscilla Campos (poeta, jornalista e doutoranda em Letras Modernas - USP)
Degelo (Maria Mercè-Marçal, tradução de Meritxell Hernando Marsal e Beatriz Regina Guimarães Barboza) - Editora Urutau
A poeta catalã tem sua leitura renovada, no Brasil, pelo método feminista de tradução. Meritxell Hernando Marsal e Beatriz Regina Guimarães Barbosa pesquisam e difundem a obra de Maria Mercè-Marçal – lésbica, feminista, escritora – com cuidado e precisão. O resultado está em Degelo. Aqui resenha que escrevi, para o Pernambuco, sobre o livro.
Nossos poemas conjuram e gritam (Organização de Lubi Prates) - Editora Quelônio
Antologia importante formada por sete poetas negras de nosso tempo: Conceição Evaristo, Esmeralda Ribeiro, Jarid Arraes, Lívia Natália, Natasha Felix, Neide Almeida e Nina Rizzi. Escreve a organizadora da antologia, Lubi Prates: “Uma celebração é sempre coletiva: precisamos segurar nossas mãos, e, assim, dançamos e cantamos, mas também, planejamos nossa liberdade através da poesia.” Um frame geracional certeiro da produção contemporânea de poesia brasileira que conjura e grita.
O corpo encantado das ruas (Luiz Antonio Simas) - Civilização Brasileira
Simas figura como único homem desta lista pois O corpo encantando das ruas é leitura de urgência e fé nos mundos. Dedicado a Exu, o livro é dividido em curtos capítulos com epígrafes de pontos da umbanda e do candomblé e outras cantigas; uma análise do espaço, da rua como arquivo, que atravessa a história do território carioca (também brasileiro) e a história da crença, do dia a dia da comunidade do santo. Linda leitura.Laroyê!
Luanda, Lisboa, Paraíso (Djaimilia Pereira de Almeida) - Companhia das Letras
Segundo romance da angolana, a narrativa está centrada no deslocamento de pai e filho que saem de Angola, para Portugal, nos anos 1980. Cartola e Aquiles vão em busca de tratamento médico e assim desenvolve-se essa narrativa da diáspora: “Se uma história se parece com o corpo de um animal, então pode começar por um calcanhar”, a frase que inicia o livro é um indicativo do movimento de cada parte dos corpos descolonizadores que irão tecer os capítulos do romance.
Anseios: raça, gênero e políticas culturais (bell hooks, tradução de Jamille Pinheiro Dias) - Editora Elefante
A Elefante está em contínuo trabalho dedicado à teoria feminista com suas publicações voltadas para a obra de Bell Hooks e Silvia Federici, por exemplo. Este é o terceiro livro da escritora norte-americana publicado por eles. Com tradução de Jamille Pinheiro Dias, Anseios: raça, gênero e políticas culturais é um conjunto de ensaios com temáticas entre pedagogia, feminismo e racismo, etnografia e outros tópicos. Destaque para heranças estéticas: a história feita à mão, ensaio no qual Hooks fala sobre a sua avó e as colchas de retalhos que ela produzia.
Discoteca Selvagem (Cecília Pavón, tradução de Clarisse Lyra e Mariana Ruggieri) - Edições Jabuticaba
Cecília Pavón, poeta argentina, vem como uma brisa tímida e constante nas manhãs de verão e calor extremo. Discoteca selvagem, organização e tradução de Clarisse Lyra e Mariana Ruggieri, é o que impulsiona essa brisa aqui pelos lados mais ao norte do Rio da Prata. Poemas em prosa, narrativas contínuas do comezinho, impossível ler uma vez só. Aqui resenha que escrevi, para o Pernambuco, sobre o livro.
> André Oviedo (escritor) - medium.com/@aoviedo
Mil sóis: poemas escolhidos (Primo Levi, trad. de Mauricio Santana Dias) - Todavia
A Literatura Nazista na América (Roberto Bolaño, trad. de Rosa Freire d’Aguiar) - Companhia das Letras
Sombrio Ermo Turvo (Veronica Stigger) - Todavia
Aqui estão as minhas contas: antologia poética - Adília Lopes - Bazar do Tempo
Nenhuma poesia (Diego Pansani) - 7Letras
O livro dos jardins(Ana Martins Marques) - Quelônio
> Luis Henrique Pellanda (escritor)
Construtor de ruínas (Eliane Brum) - Arquipélago Editorial
Marrom e amarelo (Paulo Scott) - Companhia das Letras
O corpo encantado das ruas (Luiz Antonio Simas) - Record
Sobre os ossos dos mortos (Olga Tokarczuk, tradução de Olga Bagińska-Shinzato) - Todavia
O oráculo da noite (Sidarta Ribeiro) - Companhia das Letras
> Socorro Acioli (escritora)
Sobre os ossos dos mortos (Olga Tokarczuk, tradução de Olga Bagińska-Shinzato) - Todavia
O oráculo da noite (Sidarta Ribeiro) - Companhia das Letras
Torto Arado (Itamar Vieira Júnior) - Todavia
Ideias para adiar o fim do mundo (Ailton Krenak) - Companhia das Letras
Autobiografia (José Luís Peixoto) - TAG Curadoria