A política parece ser o tom dessa sexta-feira na Flip. Primeiro com a ovação que o historiador Boris Fausto recebeu logo cedo na Tenda dos Autores, após criticar os governos de Lula e de Dilma e de categorizar o PT como uma gangue de mafiosos. Em seguida, foi a vez da masterclass de Heloisa M. Starling e de Lilia Schwarcz, que comentaram talvez os dois principais tópicos do seu Brasil: Uma biografia. A saber: o racismo e a corrupção – duas palavras que continuam chaves para entendermos as discussões que incendeiam hoje as redes sociais.
“A escravidão foi mais que um sistema econômico no Brasil. Ela promoveu desigualdades, gerou formas de condutas. E não há como negar que está havendo um extermínio de jovens negros no Brasil”, evocou Lilia, justamente em meio à polêmica do efeito iô-iô na Câmara em relação à maioridade penal, que tem polarizado o País. “Toda forma de racismo é ruim, a do Brasil é dissimulada”, reforçou.
Vale ressaltar que sua declaração chega num momento em que a garota do tempo do Jornal Nacional, da Rede Globo, Maria Júlia Coutinho, é vítima (outra vez) de comentários racistas nas redes sociais – lembramos que em 2006 o diretor de jornalismo da emissora, Ali Kamel, lançou um livro chamado Não existe racismo no Brasil. Para ele, nem o tal do racismo dissimulado deve existir, pelo jeito. Como destacou Lilia: “A história é prática não só de lembrar, mas muitas vezes de esquecer”.
Heloisa Starling fez questão de evocar que um dos grandes erros de percepção do brasileiro é a da naturalização da corrupção como uma forma de conduta própria do país: “A corrupção não é natural, quando fazemos isso estamos criando um erro enorme”. Para ela, a corrupção e a desigualdade são doenças da República e a “República brasileira permanece incompleta”.