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O historiador Boris Fausto lotou a Tenda dos Autores da Flip hoje pela manhã e deu a munição esperada para uma plateia que parecia ávida e predisposta a aplaudir qualquer discurso contra o Governo Dilma. Talvez o convidado mais aplaudido dos primeiros dias da festa. Na primeira parte da sua fala, ele evitou falar de política, mas acabou mudando o tom, provocado pelo mediador Paulo Roberto Pires.

"O Partido dos Trabalhadores se tornou uma gangue de mafiosos e de criminosos, não sei o que aconteceu...", observou, para ser ovacionado. "O Governo de Dilma é um Governo muito mais ideológico que o de Lula, o que corre a favor dela, mas a direção tornou-se mais corrupta". 

Boris criticou ainda o segundo mandato de Lula, que segundo ele guardaria as raízes do atual momento de crises política e econômica: "As manifestações atuais anti-Dilma chegaram a um impasse. Ha muita gente contra mas ninguém sabe o que propor. A entrada de Lula foi um marco na história do Brasil. Mas a partir do segundo mandato de Lula há uma inflexão, a cúpula torna-se corrupta com uma política econômica que nos levou a um ciclo recessivo.

Sobraram críticas também para a oposição: "A oposição no Brasil vai muito mal.  A oposição não soube ser oposição e propor uma opção. Não soube falar com a classe média. Faltou coerência para a oposição. Não sabe o que propor. Impeachment não é brincadeira". Nesse momento, os aplausos não se ouviram tão altos.

O historiador aproveitou para fazer uma comparação entre as manifestações de 2013 e os protestos deste ano: "Aquilo que aconteceu em 2013 surpreendeu todo mundo, ainda que existissem sinais no ar de que algo estaria para acontecer. Mas a mudança de cenário desses dois anos foi veloz... A esperança de 2013 foi substituída por um cenário de total desesperança".